11/10/2007

Soluções Mágicas, Respostas Prontas - Mitos que Impedem o Crescimento dos Negócios... E do Brasil!

Marcelo Coppola, editor-executivo de Época NEGÓCIOS, discutiu no seu blog Inovação um assunto muito interessante - o perigo dos mitos no mundo dos negócios.
No post em questão, ele fala sobre o livro de Jeffrey Pfeffer e Robert Sutton, A Verdade dos Fatos (Editora Campus/Elsevier), lançado há pouco no Brasil. O livro alerta contra as receitas fáceis dos autores de best-sellers e defende um “gerenciamento baseado em evidências”, no qual os fatos interessam mais do que as soluções mágicas.
Coppola mostra ainda - através de um quadro retirado do livro - como as "verdades" oferecidas pelos best-sellers de negócios são muito variadas e, muitas vezes, opostas entre si.
Esse assunto nos interessa porque evidencia um problema muito grave da nossa cultura, principalmente no caso do Brasil: o desejo por respostas fáceis e fórmulas mágicas para resolver problemas complexos.
Ora, amadurecer implica, necessariamente, em aprender a lidar com problemas complexos, com múltiplas variáveis, e a reconhecer que eles não podem ser resolvidos num piscar de olhos ou num passe de mágica (como acreditam as crianças), mas sim com muito esforço, dedicação, planejamento e, principalmente, energia.
Não queremos dizer aqui que as idéias desses pensadores não sejam razoáveis ou que não possam ser aplicadas. Importante é desenvolver o espírito crítico e procurar avaliar se aquela idéia ou plano pode ser aplicado ao seu problema, tentando imaginar que espécies de soluções ela pode trazer. O mais provável é que ela resolva partes do problema, ou que possa gerar insights que ajudem a encontrar outras soluções. Mas, se as mangas não forem arregaçadas para tirar essas idéias do papel, nada acontecerá.
Em outras palavras, a leitura dos best-sellers, sejam eles de negócios ou não, deve vir acompanhada de maturidade, reconhecendo que ali não está uma solução fácil, mas uma idéia que" pode" ajudá-lo a resolver alguns gargalos, a ter outras idéias, a desenvolver outras capacidades, a trabalhar de outras formas.
E de novo: FÓRMULAS MÁGICAS NÃO EXISTEM! Os que esperam por elas, ou ainda não cresceram, ou compartilham do desejo (comum no Brasil) de vencer com pouco esforço. E são justamente as ações orientadas por esse "desejo" que atrapalham muitos negócios, que jogam areia nas negociações, que impedem relações maduras, baseadas na confiança, no compartilhamento de problemas, na construção de um país melhor para todos.
Essa idéia está afinada com a que está exposta por Clemente Nóbrega na magífica reportagem da Época NEGÓCIOS desse mês - Por que o Brasil é ruim de inovação?
Para Nóbrega, não inovamos por muitos motivos, mas o principal deles é a falta de confiança (geral) que permeia as relações na nossa sociedade.
Ele afirma, por exemplo, que o tripé "reciprocidade- justiça-confiança é o eixo central em qualquer comunidade inovadora. A percepção de que “as coisas são injustas por aqui” corrói e trava tudo".
Resta-nos, no entanto, uma alternativa - parar de procurar respostas fáceis e trabalhar arduamente para fazer com que a ética, o compromisso e o respeito estejam presentes em todos, repetimos, TODOS os campos da nossa sociedade, inclusive, claro, no mundo dos negócios.

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